( –––– (⁠｡⁠•̀⁠ᴗ⁠-⁠)⁠✧ i've been waiting such a long time

Mirai ainda não sabia se acreditava de verdade que o primo bonito da nova paixão de Shin havia lhe chamado para sair. O garoto para quem ela havia escrito uma carta no dia que o conheceu — uma carta que nunca entregaria — havia mesmo lhe chamado para sair. Mas ela preferia atribuir as pernas bambas ao treino que tivera mais cedo. "Alongamentos demais" disse ela, aos pais e à irmã mais velha, quando apareceu na porta, pronta para ir encontrar Moon Young Min no parque.

Estava nervosa porque sabia que iria encontrá-lo e porque sabia que iria acabar se apaixonando por ele, aquele rapaz mais velho e estrangeiro, com um sotaque fofo e olhos enigmáticos e perigosos. Perigosos porque Mirai sabia que já estava mergulhando neles, sem se importar com a profundidade que tinham. Estava nervosa porque não o amava ainda, mas queria amá-lo. Estava nervosa porque não sabia se devia.

Mesmo assim, saiu de casa decidida a não pensar demais e só viver o momento — porque o momento poderia acabar na manhã seguinte, quando ele acordasse e percebesse que era uma bobagem sair com ela. Passou as mãos pela saia do vestido meio alaranjado que havia colocado sobre a camiseta branca, como se quisesse retirar qualquer ruga que pudesse estar na roupa, e sentou-se num banco para esperá-lo, tirando seu jogo da bolsa para se distrair um pouco enquanto ele não chegava. Ou caso ele nem sequer fosse de verdade.

A Hirawa jogava para se distrair, mas não demorou a começar a pensar que ele tinha, simplesmente, desistido. O que fazia sentido já que ela era só uma garotinha do colegial — ou era o que ela estava repetindo para si, porque queria algo que aliviasse a sensação de ter levado um bolo. Mas seu coração se encheu de esperança outra vez tão logo a voz dele chegou em seus ouvidos. Ele fora, afinal.

Sorriu amigavelmente, dizendo estar tudo bem quando ele pediu desculpas pelo atraso e explicou o que acontecera. Ele era uma graça. E estava lindo. Como estava lindo na semana anterior, quando se encontraram por acaso e sem compromisso algum. Por isso ela começou a suspeitar que ele estaria lindo sempre. Em qualquer situação. — Estou bem, senpai. E você? — Perguntou ela delicadamente, a voz suave e seus olhos sorrindo junto aos lábios.

— Eu… fiquei feliz que me chamou para sair… — admitiu ela, apertando a alça da bolsa, que estava pendurada no ombro, e desviando o olhar para os próprios pés. Agora se sentia meio ridícula porque havia falado aquilo em voz alta. Ele nem queria saber daquilo, certo? Mas já era. Já havia começado. — Achei que você podia terminar aquela tarde pensando que nunca mais ia acompanhar sua prima num encontro… — começou ela meio séria. — Assim não arriscaria mais acabar sentado numa mesa com uma matraquinha — completou, piscando um olho para ele de forma divertida. Talvez se ela fosse maluca, ele acabasse saindo correndo. E aí a culpa seria mesmo sua.

Estava tão nervosa e se ocupando em falar que só notou a rosa e o chocolate nas mãos dele quando, finalmente, calou a boca e ele as mostrou. Sua boca formou um "o" perfeito, e ela teve certeza de que seu rosto esquentou mais do que já estava quente com o verão. Será que estava muito vermelha? Esperava que não. Se sentiria ridícula se estivesse.

— Obrigada, senpai! — Agradeceu, esticando as duas mãos e fazendo uma mesura para receber os presentes. — Você não precisava se incomodar com isso. — Soltou em voz baixa, cheirando a rosa singela e sutilmente. Adorava flores. Todas elas. Teria várias se pudesse. Encheria seu jardim. Então ouviu a pergunta dele com clareza, meneando a cabeça devagar, positivamente.

— Podemos... fazer como preferir. — Disse ela, segurando a caixa de chocolate contra o peito e, só então, lembrando-se que poderia guardá-la na bolsa. — Podemos... não sei... dar uma volta e, depois, ir a outro lugar... tomar um lanche ou... coisa assim... — estava nervosa. Mesmo. Aquilo era um encontro, certo? Era seu primeiro encontro. Ela sequer sabia como agir. Parecia que estava prestes a explodir.