This the life of a vandal, masked up, and I'm still in CELINE

Mirai havia viajado com antecedência, mas não era como se seu corpo já tivesse se acostumado com a diferença de fuso, por isso se sentia exausta. Porque embora o evento estivesse sendo bom, ela estava com um pouco de sono, se fosse honesta. E sentia falta de Mofu e Mochi. Não via a hora de voltar para casa, para a companhia de seus bichinhos. Mas o evento estava em seu segundo dia, o que significava que estava só conversando.

A japonesa estava na enésima conversa sobre qualquer coisa que ela não estava mais prestando atenção, porque estava cansada das conversas mecânicas e repetitivas. Um terror completo, ao qual ela se submeteria enquanto lhe fosse a melhor alternativa, pois gostava do padrão de vida que havia conquistado. Não esbanjava nada, é claro, mas gostava de aproveitar as coisas que o trabalho lhe oferecia. Como aquela própria viagem em si.

E ela sequer se lembrava quem era aquele com quem estava conversando, embora tentasse parecer muito interessada no assunto. Por isso, sentiu-se agradecida a quem quer que fosse o homem que se aproximou interrompendo a conversa, pouco antes de temer que aquela se tornasse só mais uma conversa totalmente robotizada.

— Não conte a ninguém, mas você acabou de me fazer um favor... — acabou deixando escapar, cobrindo a boca com ar de surpresa ao se pegar falando aquilo e não apenas pensando. No entanto, recuperou-se logo. Pelo nome, e pelo sotaque, Jang Jin Hyun não era um falante de inglês nativo. Mas não importava. Ela também não era e seu sotaque, talvez, era tão forte quanto o dele. — Hirawa Mirai — apresentou-se com uma mesura breve, sorrindo para ele de forma amigável. — Se divertindo, senhor Jang? — Perguntou a Hirawa, observando os traços do rosto do Jang. Ele era bonito. Alto. Tinha um corpo esguio, e ela podia apostar que ele era bem definido. Quem ela queria enganar? Jang Jing Hyun era muito bonito.

Ela deixou uma risada baixa escapar, assentindo devagar ao comentário dele. — Tudo bem. Vou ser honesta com você, se for o caso. — Garantiu, embora não imaginasse como a conversa poderia se tornar maçante com o homem. Ou ele também ia acabar falando sobre quão desonroso parecia ser para a cultura do seu país que o Imperador tivesse tido apenas uma única filha. E mulher.

— O prazer é todo meu, senhor Jang — respondeu ela, aceitando o braço dele e optando por manter a formalidade. Então o ouviu com atenção, sendo pega de surpresa quando ele falou em japonês, assentindo devagar para demonstrar estar ouvindo o que ele dizia. No entanto, voltou a exprimir uma risada baixa com a pergunta dele.

— Não necessariamente odiando. — Admitiu ela. Disse que seria honesta, certo? — Eu gosto dos eventos de moda. Foi como comecei, de qualquer forma. Tanto que ainda desfilo, às vezes. — Continuou, balançando um pouco a cabeça. — O que me incomoda, quase sempre, são algumas interações sociais. Quero dizer… o cara estava falando algo sobre parecer desonroso para o Japão que o Imperador só tivesse uma filha. E agora o sobrinho vai ocupar o lugar dele quando ele morrer. Desonroso… — Contou a japonesa, com um leve amargor. — Eu nem estava mais ouvindo direito o que ele estava dizendo. Também tenho um contrato, não é como se eu pudesse, ou devesse, sair respondendo todo mundo que fala esse tipo de coisa comigo à altura do que mereceriam ouvir. — Concluiu, seus lábios formando um bico de desgosto.

— Eu também deixei meus pets sob os cuidados da minha prima e estou morrendo de saudade deles — contou por fim, como se estivesse contando-lhe um segredo. No final das contas, aquela sim era a maior verdade de todas.