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Mirai estava nervosa enquanto esperava que fossem chamados para fazer o exame. Seus dedos apertavam os de Jin Hyun entre eles como se sua vida inteira dependesse daquilo. "E se não for dele?" se perguntava em pensamento, odiando cada segundo daquela dúvida. Mas sua mão livre acariciava a barriga quase invisível que tinha às onze semanas recém completas. Sendo muito sincera, ela queria que fosse dele. Porque estava com ele pra valer, e não sabia como iria reagir se seu bebê fosse de Shin.

Por ela, o resultado do exame sairia naquele mesmo dias só para acabar com sua ansiedade.

Aquela gravidez havia caído de paraquedas no seu colo, e ela estava prestes a arrastar Jin Hyun consigo naquela viagem sem volta, mas ela não sabia se acharia justo que o coreano se responsabilizasse por algo se não fosse o pai do seu bebê. Não importava o quanto ela quisesse que fosse o bebê deles. Quando a enfermeira, então, finalmente chamou por eles, a modelo apertou mais uma vez a mão maior na sua, olhando para ele quase assustada.

— Vamos? — Chamou ela, pensando que mesmo que soubesse, desde o começo, que precisaria fazer aquele exame, definitivamente nada a havia preparado para ele.

Cumprimentou a enfermeira ao se aproximar da mulher, ainda apertando a mão do mais velho na sua. Acariou o dorso da mão maior suavemente, assentindo devagar como se dissesse que entendeu a pergunta que ele fez. Estava mesmo melhorando no coreano. Graças a ele. — Vão colher uma amostra do meu sangue e do seu. — Começou ela, experimentando as palavras no idioma materno do Jang. Ao mesmo tempo, a Hirawa fazia o que a enfermeira indicava, sentando-se na cadeira e apoiando o braço no local informado.



— O DNA do bebê... circula no meu sangue. Eles vão coletar o DNA dele do meu sangue e cruzar com o seu. — Continuou ela, olhando Jin Hyun com carinho. Talvez, só talvez, se ela pensasse muito, muito mesmo, no quanto queria que o bebê fosse dele... só talvez... o resultado daria positivo. Com uma probabilidade de cem por cento. Só talvez.



Não olhou para a enfermeira enquanto ela retirava seu sangue, mas só porque queria olhar para Jin Hyun, e somente para ele. — Também pedi... uma sexagem fetal junto com o resultado. — Disse ela, com um sorrisinho suave. — Acho que estou um pouco curiosa demais... — concluiu, ainda falando em coreano e deixando uma risadina baixa escapar. Apesar da surpresa, estava curiosa. Animada. Queria aquele bebê. Independente de quem fosse o pai.

Acenou com a cabeça de forma breve, sorrindo para o mais velho. O que custava o destino ser bom com eles para que a criança fosse dos dois? Embora, no entanto, ela soubesse que, por ser mestiça, a vida da criança não seria exatamente fácil, nem no Japão, nem na Coreia, Mirai realmente queria que aquele bebê que carregava em seu ventre fosse um pedacinho dela e do coreano que, de outubro até ali, ela só descobria mais o quanto o amava. Ainda que não tivesse tido coragem o suficiente para falar a ele.

Uma risada baixa lhe escapou quando ele disse que apostava ser um menino, e acabou assentindo com a cabeça. — Sinceramente... também estou achando que vai ser um garotinho — afirmou, levando a mão livre à barriga. Seus pais ficariam felizes, e um pouco chocados, ela tinha certeza. Mas não fazia ideia de como seus irmãos reagiriam. E evitar pensar nos pais de Jin Hyun, por mais que quisesse que a criança fosse dele, porque sempre acabava temendo pelo Jang e também pelo bebê.

Se o pai dele tinha ideias tão violentas sobre o Japão e toda a merda que, inegavelmente, o Japão tinha feito contra a Coreia, o que o homem pensaria de seu próprio filho tendo um filho com uma japonesa? A ideia quase fez o seu estômago embrulhar, mas a enfermeira a tirou de seus pensamento informando que terminaram, e Mirai agradeceu antes de levantar para dar espaço na poltrona para o mais velho.

— Mas, o que quer que seja, aposto que vai ser meio espevitado! — Soltou ela, como se contasse um segredo ao Jang, e deixando uma risadinha baixa escapar. — E aposto que a gente sempre vai ficar de cabelo em pé com as peripécias — continuou, quase como se tivesse certeza de que aquele exame daria positivo. Como se fosse uma mera formalidade. Aquele bebê era de Jin Hyun. Não havia mais nada que pudessem fazer contra aquilo. Nem o resultado do teste poderia dizer o contrário.

Certo?

Mirai sorriu com a resposta do Jang, assentindo devagar com a cabeça enquanto esperava que terminassem de colher o sangue dele para irem. Lembrou-se de quando teve tanto medo dele ir embora que parecia que ia explodir. Parecia tão distante agora, mas mal fazia dois meses que seu juízo passara por uma espécie de surto sem saber lidar com o que sentia por ele.

Caminhou com ele até fora da clínica, tentando não pensar no resultado porque, quisesse ela ou não, só ficaria pronto dali a duas semanas. E ela não tinha como adiantar o calendário só com a força do seu pensamento. Mas a fala dele levou sua mente a outro lugar, que ela ainda não havia experimentado estar. Prendeu a carne da própria bochecha entre os dentes, pensando sobre o que ele acabara de falar.

— Eu... gosto da ideia do casamento — disse ela, como se contasse um segredo enorme. Que estava guardado a sete chaves e ninguém, jamais, deveria ter ficado sabendo. Mas era como ela sentia que era. Um segredo enorme que ninguém, jamais, deveria ficar sabendo. E era, também, o que ela sentia em relação a Jang Jin Hyun: que passaria o resto da sua vida ao lado dele. Porque até então o que ela sentia só crescia. Tanto que parecia engoli-la às vezes. Como se ela fosse apenas sentimento e não uma pessoa de carne e osso. Era possível sentir algo assim por alguém? Esse era o amor que tanto livro, filmes, dramas e histórias falavam?

— Mas não quero que se sinta obrigado a isso por causa do bebê... — disse ela, deixando sua insegurança, então, tomar as rédeas da situação. Ela sabia, ou imaginava, que não era o caso. Que ele não casaria com ela só por causa do bebê. Mas e se fosse?

Ouviu com atenção o que ele falava, meneando com a cabeça de maneira positiva ao mesmo tempo em que mordia o interior da bochecha. Entendia o que ele falava, e entendia suas preocupações. E se sentiu feliz quando ele insinuou que casaria com ela de qualquer forma. Apertou os dedos dele entre os seus com suavidade. — Quero casar com você — admitiu ela, com um pouco menos de medo. Era a verdade. Estava sendo honesta com ele.

[• • •]

Os enjoos matinais estavam começando a diminuir e agora Mirai podia notar uma leve protuberância na parte baixa de sua barriga. Um inchaço muito pequeno, mas que começava a despontar de maneira tímida. "Estou aqui, mamãe", era o que aquele montinho pequeno dizia. E ela estava feliz. No entanto, bastou que virasse um pouco na cama, procurando por Jin Hyun sem encontrá-lo, para a realidade da data bater em seu peito em cheio. Sabia que o mais velho estava ansioso. Ela própria também estava mais do que poderia admitir.

Levantou-se devagar, embora tivesse pressa. Sabia que se levantasse muito rápido poderia acabar enjoando, e tudo que ela queria era sentar com o mais velho e ver se já haviam lhe mandado o resultado dos exames. Pegou o celular na cabeceira da cama e caminhou a passos curtos para a cozinha, encontrando-o sentado e passou os braços ao redor do pescoço dele, beijando sua bochecha com suavidade. — Bom dia — desejou ela, apertando-o um pouco. Não conseguiria comer antes de ver o resultado, então apenas sentou-se no colo dele e mostrou o celular.

Estava ansiosa, nervosa e apreensiva. Tudo ao mesmo tempo. E seu coração parecia disposto a rasgar seu peito. — Vou ver se chegou algum e-mail. — Avisou, desbloqueando a tela do aparelho de um jeito que ele pudesse ver também, e abriu o aplicativo de e-mails para procurar pelo da clínica. Não demorando a encontrá-lo pois havia chegado cedo naquela manhã.

Abriu o e-mail e sentia os dedos tremerem de nervosismo. Ela própria iria explodir. Iria explodir inteira. Abriu o arquivo anexado com os resultados, lendo com atenção e deixando as lágrimas rolarem antes pudesse dizer qualquer coisa. O bebê era deles. Dela e de Jin Hyun. E era um garotinho. — Vamos ter um garotinho, Jin! — Exclamou animada em meio às lágrimas. — Nosso rapazinho — continuou, fungando e mostrando o celular ao mais velho como se não tivesse dado abertura o suficiente para que ele visse o resultado com ela.

Cada toque de Jin Hyun era um afago e Mirai gostava de senti-los. Por isso seus olhos fechram devagar, e de maneira quase preguiçosa, quando o mais velho secou seu rosto. Apoiou a cabeça em seu ombro largo quando ele a abraçou, retribuindo o carinho com um inspirar suave na curva de seu pescoço, o cheiro "matinal" dele preenchendo seus pulmões enquanto ela envolvia o corpo dele em um abraço também.

A pergunta dele chegou bem humorada em seu ouvido, fazendo-a soltar uma risada baixa e divertida, mas sua cabeça ainda estava pensando que parecia meio surreal. Teria mesmo o universo escutado todos os seus pedidos silenciosos de que o bebê em seu ventre fosse mesmo do Jang? Tivesse sido o universo, ou o dia em que eles se encontraram a primeira vez, não importava. Ela só podia, agora, agradecer silenciosamente por ter tido suas preces atendidas. — Vamos preparar os documentos necessários, eh? — Disse ela, apertando-o um pouco antes de erguer o rosto e deixando um selar suave nos lábios dele. — Em quanto tempo consegue o atestado de solteiro com a tradução? — Questionou, levando a mão ao rosto dele.

Era loucura? Quão loucura era casar com um homem que conhecia havia dois meses? Parecia o tipo de loucura imensurável. E que ela estava mais do que disposta a cometer. — Eu só preciso do meu registro de origem familiar. Preenchemos o formulário, com dois carimbos de testemunha e... — ela parou e riu baixinho deixando outro selar suave nos lábios do mais velho. — E aí você vai ser meu marido. — Sussurrou a Hirawa, com os lábios colados no do mais velho. — Nae nampyeon... — continuou, no idioma materno do mais velho.

A resposta do mais velho a fez soltar uma risada baixa e divertida, cheirando a bochecha dele com delicadeza. — Ótimo, então — soltou a modelo, acariciando o rosto do mais velho com um sorriso suave em seus lábios.

Ele realmente queria aquilo, Mirai podia sentir de alguma forma que era genuíno. E aquilo a deixava tão feliz que ela se sentia prestes a explodir. Porque acreditava que ele queria tanto quanto ela, e era uma sensação incrível. Como se tivesse encontrado seu lugar no mundo agora. E era real. Se ela ficasse mais feliz do que estava, explodiria. Viraria uma estrela multicolorida e iluminaria dia e noite. Se sentia radiante, e pouco importava o resto do mundo.

Fechou os olhos devagar quando o mais velho ajeitou seu cabelo e a beijou, assentindo devagar. As sensações também nunca paravam. As mesmas sensações exageradas que tivera a primeira vez que Jin Hyun lhe tocou apareciam todas as vezes que qualquer milímetro de pele dele tocava na sua. — Vou falar com minha irmã e com Shin. Eles devem estar por Tóquio, então é mais fácil... — respondeu com a voz baixa, apenas aproveitando do toque do mais velho.

Um suspiro escapou de seus lábios quando o beijo em seus lábios virou um beijo em seu pescoço. — Gosto — respondeu num sussurro, levando a mão aos cabelos dele, emaranhando-se entre os fios e apertando-os entre os dedos com delicadeza. — Gosto muito dessa ideia. — Completou a Hirawa e estava sendo sincera. Gostava mais do que achava que deveria, mas podia imaginar um futuro com Jang Jin Hyun. E era exatamente o futuro que ela queria.