( ◡‿◡ )♡ ––––– for the two of us, home isn’t a place. it is a person. and we are finally home.

Mirai sentia as pernas tremerem exatamente como da primeira vez em que Youngmin havia lhe chamado para sair. De repente, e não mais que de repente, ela sentia como se tivesse dezesseis anos novamente, tudo porque aquela era, em geral, a sensação que o seu em breve marido lhe causava. Mas não era, nem de longe, uma sensação ruim. Eram apenas as borboletas em seu estômago dizendo a ela que, mais uma vez, aquele era um passo importante no resto da sua vida — como disseram seis anos antes. E Mirai tinha certeza do que estava fazendo, e cada momento mais enquanto encarava o próprio reflexo no espelho, naquele vestido branco. No altar encontraria o amor da sua vida, mais uma vez. Mas já o vinha encontrando todos os dias desde aquele sábado na sorveteria.

Encarou a caixa onde havia guardado todas as cartas que escreveu para ele durante todos esses anos, sem nunca contar a ele ou a ninguém. Eram seu tesouro e, agora, entregaria a ele. Seu coração já era dele, e ela suspeitava que já era antes mesmo de se conhecerem, mas agora seu tesouro — as páginas onde seu coração se derramou pelo Moon — também seria. Talvez assim ele entendesse, com um pouco mais de detalhe, a dimensão do que ela sentia.

Então seu pai a chamou e ela sorriu para o homem, achando engraçado como havia ficado ainda mais alta do que ele com o salto que calçara. Passou seu braço pelo dele, ainda sentindo as pernas tremerem, e quando as portas para onde haviam caminhado juntos se abriram tudo que ela podia ver era Youngmin em seu terno, esperando por ela. Seu coração parecia prestes a sair pela boca, como se a ideia de se tornar a esposa dele fosse boa demais para ser verdade. Seu sorriso escancarava o tamanho da sua felicidade ao caminhar ao lado do pai para ser entregue por ele ao coreano, e seus dedos acariciaram a mão do seu noivo quando ele segurou a dela, sorrindo para o pai enquanto ele se sentava. — Ainda dá tempo de sair correndo, se quiser — disse em tom de brincadeira e em voz baixa, para que apenas Youngmin a escutasse.

Mas sabia, no fundo, que ele não correria. Porque ela o havia escolhido, de novo e de novo e de novo. E Mirai sabia que Youngmin a havia escolhido todas as vezes também.

Ela ouviu o juíz com atenção, mas seus olhos eram totalmente de Youngmin. Ouvia tudo, mas era como se apenas eles dois existissem no salão. E logo a palavra ela dele, o que a fez prestar ainda mais atenção. Seu coração acelerando com as palavras dele. Youngmin era um homem simples, Mirai sabia. De poucas palavras. Sempre era ela quem falava demais. Mas mesmo a mais simples das palavras que ele estava soltando ali, faziam seu coração bater descompassado. Faziam ela querer abraçá-lo, e beijá-lo, e amá-lo.

Esperava que a maquiagem fosse mesmo boa o suficiente para não borrar toda, pois as lágrimas saíram sem que ela permitisse. Era verdade que seu — muito em breve — marido era muito mais de fazer do que de falar. Então ouvi-lo falando mexia com ela de muitas formas. Acariciou os dedos dele devagar quando o mais velho terminou de falar e apertou suas mãos. Era sua vez, então.

— Preciso dizer, primeiro, que concordo quando você diz que não existem palavras que possam ser colocadas em um papel para fazer justiça suficiente ao que sinto. — Começou ela, respirando fundo só após começar a falar. Sem se importar se sua voz parecia falhada devido ao choro. — Mas no meu caso, eu tentei, com muito afinco, nos últimos seis anos fazer isso. Não acho que foi suficiente, mas durante esses anos eu senti tanto, e tanto, e tanto, que eu precisava escrever… porque também nada do que eu fazia parecia suficiente também. O meu amor por você é muito… é demais. E trabalho todos os dias pra te mostrar uma parcela dele, mas sempre parece tão pequeno. — Disse ela, olhando na direção da mãe, que tinha a caixa com as cartas no colo.

Assentiu devagar e voltou a olhar para o noivo. — Youngmin, eu esperei por você durante dezesseis anos da minha vida. Durante dezesseis anos fui me preparando para a primeira vez que eu te encontraria, mesmo que eu não fizesse ideia de que era você quem eu iria encontrar. E te encontrar naquela tarde, despretensiosamente, só porque acompanhei um amigo em um encontro, foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Porque você era, e é, e sempre será, meu grande sonho. — Acariciou de novo os dedos dele, porque estava nervosa. — Depois, precisei te esperar por mais dois anos, você lá e eu aqui, esperando por você todos os dias. E todos esses dias eu senti tanto que achei que explodiria. Então, eu tenho um presente… — disse ela, apertando as mãos dele com suavidade.

— No colo da minha mãe tem uma caixa, e dentro daquela caixa, está minha herança pra você. — Revelou a Hirawa, respirando fundo outra vez, já sem se importar com as lágrimas que rolavam por seu rosto. — Durante esses seis anos, eu te escrevi cartas. Desde o primeiro dia. Desde o primeiríssimo dia. As primeiras, eu não achava que teria a chance de te entregar, mas estão lá na caixa. As outras sonhei todos os dias com a chegada desse dia aqui, para poder entregá-las. — Ela falava para ele como se lhe contasse um segredo, embora todas as pessoas pudessem ouvi-la muito bem. — Aquelas folhas contém, mas uma vez, uma parcela bem, bem pequena do meu coração, e estou te entregando. Mas espero que você saiba, e se lembre, todos os dias, que todo o resto do meu coração você já tem. Desde o momento em que aceitou me acompanhar para a mesa ao lado.

— E eu amo você, Youngmin. E eu sei que vou te amar, por toda a minha vida. — Completou ela, voltando a apertar as mãos dele, sorrindo em meio às lágrimas. Então voltou a ouvir o juíz, sonhando com o momento que sairia dali com seu, enfim, marido, para a vida que planejara com ele. Deixou que ele colocasse a aliança em seu dedo, fazendo o mesmo com ele em seguida e deixando um beijo suave sobre o anel. Seu marido. Depois de seis anos finalmente podia chamar Youngmin de seu marido. Assinou os papéis com ele, aguardando pelas testemunhas fazerem o mesmo. Agora só precisava esperar o final da festa para, enfim, poder abraçá-lo, beijá-lo e amá-lo como queria.

Mirai  voltou a ouvir o juíz com atenção ao concluir seus votos e acompanhou o marido até a sala privada com o coração ainda mais transbordante de alegria. Ela mal podia se conter quando finalmente chegaram ao local onde se trocariam para a recepção, mas quando o mais velho a abraçou, rindo, Mirai mal teve tempo de apreciar a risada dele de começar a rir também, envolvendo-o em seus braços enquanto o riso escapava frouxo. — Achei que estava nervosa e você quem precisou de calmante, meu amor... — disse, em falso tom de desapontamento enquanto ainda ria.

Apertou-o mais em seus braços, esticando-se para beijar a pele exposta do pescoço do Moon. — Ah, Youngmin... eu te amo tanto... — soltou ela, como se contasse um segredo. Um segredo que todos sabiam. O segredo menos secreto de todo o universo. — Será que a gente não pode pular a recepção? — Questionou ela com alguma manha, apertando-o ainda mais e apoiando o queixo em seu peito para olhar o rosto do mais velho. — Quero grudar em você — resmungou ela, franzindo a testa como se estivesse contrariada.

Embora estivesse, também sabia que precisava seguir as tradições. Teria o resto da vida com Youngmin. Agora mais do que sempre, era dele. Por toda a vasta eternidade da sua alma. Era somente dele. De mais ninguém.

Apertou o marido mais um pouco enquanto ele falava, assentindo devagar porque sabia que ele tinha razão, embora fosse difícil soltá-lo. — Você está certo, eh? — Concordou ela, fechando os olhos devagar quando ele beijou sua testa. Reprimiu um suspiro quando ele a soltou, porque não queria parecer chateada, ainda mais quando não estava.

As tradições faziam parte do casamento, e ela teria mesmo o resto da vida com Youngmin. Só precisava esperar agora. Esperar toda a conversa e interação que teria que acontecer até que estivessem livres de todas as pessoas, ainda que fossem pessoas que ela amava também.

Pediu ajuda com o zíper do vestido antes de afastar, pronta para trocá-lo pelo de tecido mais leve e fluido, que seria mais fácil de usar para aguentar o resto do tempo que teriam ali. Mas não deixava de lançar olhares furtivos para o mais velho, apreciando a obra de arte que ela julgava que Youngmin era. O comentário dele, no entanto, a fez corar e rir um pouco. — Você acha, senhor Gostoso? — Perguntou ela, com bom humor, mas, também, com um pouco de malícia na voz. — Tsc... vai ter que esperar todas as tradições sociais acabarem antes de aproveitar essa gostosura aqui... — disse ela, e embora o tom de sua voz fosse leve, e até bem humorado, era genuíno o pesar que sentia por terem que esperar.

Embora já tivesse acontecido tantas outras vezes, quantas as quais ela nem tinha conta, Mirai mal podia esperar para ter as mãos de Youngmin nela. E todo o resto do corpo dele para si? Ela queria também.