—☆ i'm kinda hooked on you and in the ☆—

Shin ainda estava chateado com a situação do último sábado, e fingir que estava tudo bem era meio complicado, mas ele estava se esforçando. Não precisava ser tão complicado, mas ele foi pego completamente desprevenido e era no mínimo chato ter que explicar. Por isso ele simplesmente não estava explicando a ninguém, e seguiu o show daquela quinta como se tudo estivesse normal na sua vida.

Seus olhos sempre passeando por toda a plateia, alcançando tantas pessoas quanto conseguia. Pelo menos ali em cima ele conseguia se distrair um pouco da situação toda, focando nas pessoas que tinham ido ali para assistir sua banda. Cantar, ao menos, era libertador. Ele poderia escrever uma ou duas canções sobre ter sido corno, e venderia como água. Tirar algum proveito da própria situação era algo que ele podia fazer bem, e o ajudaria a extravasar o que sentia — que não era dor, nem raiva, nem algo que ele achasse que poderia realmente explicar, mas existia e o incomodava.

E então o show acabou, antes que ele pudesse realmente esquecer. Estava ouvindo os outros caras jogarem conversa fora enquanto se largou no sofá da sala onde estavam, a camisa agora completamente aberta e jogando para cima uma pequena bola azul. Foi então que ouviu uma voz feminina diferente, e todos os outros pararam de falar para ver enquanto ele se levantou, esquecendo que não havia nada por baixo da camisa de botão.

Com seu melhor sorriso, cumprimentou Moon Ji Sook. Shin não era bobo. Sabia bem quem ela era porque, como artista, sentia-se no dever de estar atento em todos os estilos e conhecer um pouco de cada um deles. E, sendo sincero, as músicas do grupo da loira eram ótimas. Até mesmo Mirai gostava de ouvir com ele nas tardes que não faziam nada. E lá estava ele pensando na Hirawa novamente. Empurrou-a para o fundo da mente, fazendo uma mesura para a garota. — É um prazer conhecê-la! Caramba, as suas músicas são ótimas. — Disse ele, e estava sendo sincero. Nunca imaginou que a conheceria tão fácil. — Sou Shin — apresentou-se ele, sendo seguido pelos outros. Mas parecia idiota. Se ela estava ali, provavelmente devia mesmo conhecê-los ao menos.

Moon Ji Sook era mesmo ainda mais bonita pessoalmente. A pele tão branca e o cabelo tão claro que ela quase parecia um ser celestial. Divino. Não parecia real. Mas estava ali, de qualquer modo, e ainda dizia que acompanhava o grupo. Era quase como se o universo estivesse tentando amaciar seu ego depois de sábado. Estava conseguindo, de qualquer forma.

— Bem, esperamos que tenha gostado! — Respondeu ele animadamente, ouvindo exclamações de concordância dos amigos. — Fico feliz que tenha conseguido — disse ele, sorrindo um pouco e aproximando-se enquanto chamava os demais. — Ei, vamos tirar uma foto com ela! — Chamou os caras, e só quando eles avisaram para ele ao menos fechar a camisa foi que o Aikyo se tocou de seu peito estava completamente à mostra.

Não era algo que o incomodaria normalmente, mas de repente pareceu errado com Ji Sook perto deles. — Cacete, desculpe — pediu ele, fechando rapidamente os botões antes de se aproximar para a foto. Por algum motivo, queria ficar mais perto dela. Então acabou indo sem cerimônias, posicionando-se ao lado dela enquanto os demais se ajustavam para se enquadrar no frame.

Colocou uma mão no ombro da mais nova, apertando-o levemente enquanto abaixava um pouco para ficar mais próximo de sua altura enquanto fazia um "v" com os dedos da mão livre. Mas tocar nela causou quase um choque em seu corpo e, de repente, só queria continuar ali, fazendo com que suas peles se encostassem. Não conseguiam pensar em mais nada.

Quando a foto foi tirada, Shin ainda manteve a mão no ombro da Moon porque não queria soltá-la. Simplesmente não queria perder aquele contato, mas o fez vagarosamente quando lhe devolveram o celular. — E aí, as fotos ficaram boas? — Questionou curioso, sorrindo para ela de forma amigável.

Shin estava curioso sobre aquele choque que percorreu seu corpo ao tocá-la. Parecia... Mirai havia descrito o que sentiu quando o restaurador tocou sua pele ligeiramente e ela "perdeu o controle". Seria aquilo uma coisa de coreano ou uma coisa de outra coisa? Ele queria saber. Queria entender. Quem sabe assim ficasse mais fácil lidar com o que viu? Mas parecia errado porque, para todos os efeitos, ele e Mirai ainda estavam namorando. Ao menos até aquele final de semana, quando fariam soltar alguma nota sobre o término do relacionamento.

— Oh... o que tem de legal para se fazer por Seoul por essas horas? — Perguntou ele, apenas querendo manter algum contato até ver se ela os levaria a algum lugar interessante. Ou se levaria apenas ele.

Shin sorriu e torceu o nariz de brincadeira, resmungando em tom de brincadeira. — Karaokê não — soltou, prolongando a negativa e deixando uma risada escapar no final. — Mas, ei, gosto da ideia de uma sauna. Acho que estou precisando relaxar. — Disse ele com um sorriso, olhando de Ji Sook para os outros rapazes da banda.

Observou cada um dar alguma desculpa, balançando a cabeça. negativa antes de soltar um suspiro pesado. — Vocês são um saco... — reclamou, olhando para Ji Sook voltando a sorrir para ela. — Você me mostra alguma? — Pediu ele, torcendo para que ela não só lhe mostrasse, como também lhe fizesse companhia. Adoraria conversar com ela mais um pouco.

Talvez descobrir mais sobre aquele choque.

Ouviu a loira com atenção enquanto ela falava sobre coreanos e karaokê, deixando uma risadinha escapar no final. — Entendi. Vocês gostam de festejar bem, então. — Comentou com bom humor, acenando de forma positiva com a cabeça. Parecia bom, na verdade. — Eu gosto de karaokês, na verdade. Mas acho que vou poupar minha voz um pouco. — Disse por fim, assentindo quando ela falou sobre esperar por ele do lado de fora.

Trocou de roupa para a que usava antes de colocar o figurino do show e aquela serviria até o dia seguinte, quando ele voltasse para o hotel. Estava mesmo mais introspectivo com os outros caras da banda, então talvez fosse bom passar o resto da noite em outro lugar que não fosse o hotel onde estavam hospedados. Despediu-se deles, garantindo ao manager que voltaria para o hotel cedo na manhã seguinte. Só estava precisando distrair a cabeça, e ninguém comentou nada sobre ele estar indo embora com a garota, embora Shin soubesse que queriam.

Encontrou a coreana do lado de fora, cumprimentando o motorista ao entrar no carro com ela. A pergunta dela, no entanto, o pegou quase desprevenido. — Em Tóquio... talvez transando com o restaurador de arte que ela contratou para ver a escultura que comprou. — Soltou ele, e não havia amargor na sua voz. — Estamos... separados. Oficialmente, mas não publicamente ainda. Estou tirando minhas coisas do apartamento aos poucos, mas se quer saber... — continuou ele, parando para deixar uma risada breve escapar por seu nariz. — A gente nunca foi muito... namorado. — Queria ser honesto com Ji Sook. A relação dele e de Mirai sempre foi algo que... só eles dois entendiam. Será que Moon Ji Sook entenderia também?

Assentiu devagar com o que ela falava, concordando com o que ela dizia, mas começou a achar que devia uma explicação mais completa para ela. Ainda assim, deixou uma risada suave escapar com as perguntas dela.

— Sinceramente, o que me incomodou realmente foi pegar os dois. Mirai me mandou uma mensagem pedindo desculpa umas... duas da tarde no último sábado, e quando eu cheguei... bem, lá estavam os dois. — Contou ele, lembrando de ter ficado preocupado com a mensagem repentina da Hirawa. — A gente assumiu um namoro, mas nunca teve um pedido oficial de namoro porque... não sei. Só foi mais fácil dizer que a gente namorava, porque ao menos assim havia uma espécie de justificativa pro fato de eu chegar no prédio que ela morava num dia e só sair no dia seguinte pela manhã. — Continuou, contando a história que pouquíssimos sabiam. — Eu e ela nos conhecemos desde crianças, nossas famílias são vizinhas em Quioto até hoje. A gente se falava, conversava. Ficamos amigos e viramos... amigos com benefícios. Nunca houve nenhum contrato de exclusividade, e o namoro era mais pra mídia do que pra nós dois. E aí fui morar com ela, porque pareceu mais cômodo. Eu viajo muito com a banda, meu apartamento ficava meio... abandonado a maior parte do tempo. — Concluiu, encolhendo os ombros levemente.

Ele não estava chateado por Mirai ter ficado com outro cara. Estava chateado por ter pego os dois. Se ela tivesse dito "não venha direto pra casa" naquela mensagem, ele certamente não teria ido, e sabia que ela teria lhe contado o que aconteceu depois porque os dois não tinham lá muitos segredos um com o outro. Encolheu os ombros novamente, dessa vez mais para si mesmo do que para Ji Sook. Agora já não esperava que a mais nova fosse entender, mas era aquilo.

— Agora ao menos posso escrever algumas músicas sobre um chifre. Isso sempre vende bem. — Comentou com um pouco mais de bom humor agora, deixando a face séria que havia assumido para falar sobre ele e a Hirawa para trás.

— Eh?! — Soltou Shin ao ouvir a loira dizer que não entendia, depois deixou uma risada suave escapar. — Tudo bem. Não acho que seja fácil de entender mesmo... — Completou ele, ainda com algum bom humor. — Entendi — continuou, assentindo ao ouvi-la falar. — Acho que relacionamentos firmes precisam ser honestos e, realmente, haver dedicação mútua entre as pessoas envolvidas. Mirai é minha amiga, e eu gosto dela como uma amiga. Mas nunca passou disso. A gente transava pra... passar o tempo e se divertir, eu acho. — Explicou uma última vez, acompanhando Ji Sook pelo local.

Retirou os sapatos como ela o fez, prestando atenção ao que ela explicava sobre como funcionava a sauna. E embora estivesse mesmo atento à explicação, maior parte se dava porque estava gostando de ouvir a voz de Moon Ji Sook. Estava animado e com vontade de passar mais tempo conversando com ela. Por isso sentiu-se murchar um pouco quando ela falou sobre deixá-lo sozinho.

— Você... não pode ficar? — Perguntou ele, tentando não parecer tão desanimado quanto havia ficado realmente.

Shin precisava admitir que havia ficado surpreso quando a artista apenas virou de costas para ele e retirou a própria blusa, mas não conseguiu desviar os olhos das costas nuas da mais nova. Sua pele era mesmo clara. Pálida, até. Como se fosse feita de porcelana e Shin queria tocá-la de novo. Porque estava curioso pensando sobre o que Mirai havia falado sobre o toque do restaurador de arte. Se fosse a mesma situação ficaria mais fácil deixar para lá o fato de ter pego os dois literalmente fodendo na cozinha?

Seus olhos ainda estavam vidrados nela quando a loira se virou para ele outra vez, fazendo-o piscar algumas vezes, embora não tivesse desviado o olhar. Ouviu seu sussurro, assentindo devagar. — Vamos pro banho quente, então — soltou em voz baixa, apenas para mostrar que estava concordando com ela. Acenou mais uma vez com a cabeça e, então esperou que ela virasse de costas para retirar a camiseta que vestia, junto com a calça e a cueca, enrolando a toalha na própria cintura.

Aproximou-se de Ji Sook devagar, mesmo sem saber se devia ficar tão perto dela. No fundo, ele estava com um pouco de medo de descobrir que o que Mirai falara sobre o toque "de outras vidas" era algo real. Porque até então tocar alguém nunca havia feito nenhum tipo de corrente elétrica percorrer seu corpo. E aquele simples toque foi o suficiente para fazer com que Shin quisesse tocar Moon Ji Sook outra vez. Apesar do medo ele também queria descobrir.

— Vamos? — Chamou ele, esperando que ela abrisse a porta de metal para acompanhá-la. — Disse que terminou um relacionamento há pouco tempo... se importa em contar o motivo do término? — Questionou curioso. — Claro... não precisa contar se não quiser. — Completou o japonês, mas na verdade ele queria mesmo saber.

Ouviu Ji Sook com atenção redobrada, absorvendo o que ela contava. Estava mesmo gostando de ouvi-la falar porque a voz de Moon Ji Sook não era bonita apenas cantando, mas também quando ela falava e Shin podia jurar que passaria o resto da vida apenas a ouvindo sem nunca achar ruim. Era definitivamente uma voz melodiosa. — Entendi. Vocês terminaram em bons termos, então. — Disse ele em tom conclusivo, como se fosse uma dedução e não o óbvio pela forma como a loira falava.

Afastou-se um pouco, se tocando de que talvez muita proximidade acabasse a deixando desconfortável e tomou um tempo verificando a temperatura da água para poder se acomodar. — E o que gosta de fazer quando tem algum tempo livre? — Perguntou ele, curioso outra vez. Não sabia se devia querer tanto assim saber mais sobre ela, mas estava mesmo querendo e conhecer alguém não fazia mal.

Poderia deixar Seoul ao menos com uma nova amiga, quem sabe?

Assentiu enquanto Ji Sook falava sobre o próprio término e sobre sempre terem sido amigas, pensando que ao menos era bom que a experiência dela não pareceu tão ruim. — Bem, em geral sim. Namorei antes de "namorar" com Mirai, mas foi há muito tempo. Mais ou menos no começo da banda. Depois disso foram só coisas casuais. — Admitiu porque não havia sentido em mentir se ela estava perguntando, e também falando com ele de maneira tão honesta.

Ouviu atento e maravilhado enquanto Ji Sook falava sobre si mesma e as coisas que queria fazer, surpreendendo-se um pouco ao ouvi-la falar sobre ter estado doente na infância. Talvez ele realmente não acompanhasse a vida pessoal dela muito de perto. Não se lembrava da história da doença ter sido citada no pouco que viu sobre ela e as outras garotas do Pink Velvet. Mesmo assim, assentia devagar a tudo, digerindo cada ideia dela e confirmando mais e mais um único fato: Moon Ji Sook era adorável.

A pergunta dela, no entanto, o atingiu de surpresa. Ele nunca havia pensado tanto, ou desejado tanto algo. Sentiu-se bobo enquanto pensava numa resposta, e era até meio ridículo o que tinha para dizer. — Acho que nunca pensei tão grande quanto você. No meu tempo livre gosto de desenhar, jogar e tocar os instrumentos que não toco no palco. Violão, teclado. — Contou ele, encolhendo os ombros levemente com um sorriso pequeno. — Não sei se ainda tenho grandes desejos. Meu maior sonho era ter uma banda, viver de música e fazer o que eu gosto. E eu consegui. Então agora me esforço pra ser o melhor que eu puder nisso e fazer meu sonho valer a pena. —Concluiu enquanto encolhia os ombros mais uma vez. Era quase sem graça agora.

Tentava focar sua atenção no rosto de Ji Sook e não em todo o resto de sua pele que não estava coberta pela toalha, mas segurava a vontade de tocá-la de novo, embora quisesse muito. Talvez acabasse arruinando o momento, ou o começo do que poderia ser uma boa amizade.

O Aikyo estava mesmo encantando com o jeito de Ji Sook, e não era algo que ele achava que poderia negar. Mas toda sua força de vontade para se conter em tocar nela novamente foi, quase literalmente, por água abaixo. Porque ela queria beijá-lo, e ele se viu incapaz de negar qualquer coisa à mais nova, ainda mais quando queria fazer o mesmo.

Então sem uma única palavra, Shin virou o tronco apenas o suficiente para levar uma mão ao rosto de Ji Sook, aproximando-o do seu antes de unir seus lábios. Sua mão livre segurou o pulso dela sob a água com delicadeza, acariciando a pele devagar, ao mesmo tempo em que acariciava sua bochecha com o polegar em seu rosto.

Passou a língua devagar sobre os lábios da Moon, pedindo permissão para aprofundar o beijo e descobrir, de fato, que gosto ela tinha. Se estava tendo aquela chance, não a desperdiçaria. Só aproveitaria e torceria para que, no final das contas, não tivesse mesmo estragado tudo.

Shin sentia seu corpo inteiro queimar e exigir mais de Ji Sook. Não necessariamente que ela fizesse mais coisas, mas a queria mais perto. Por isso quando sentiu a mão dela em seu peito e, depois, subindo por seu ombro, depositou a mão que segurava devagar sobre o seu ombro vazio, levando a mão, agora livre, para sua cintura, a trazendo para tão perto quando fosse possível.

A partir de então o Aikyo decidiu que não pensaria muito. Afastou sua boca da dela apenas por tempo suficiente para levá-la até seu colo e recuperar um pouco do ar que perdera antes de voltar a unir seus lábios, explorando ainda mais a boca dela com sua língua. Queria decorar cada espaço porque não achava que teria outra chance além daquela. E embora soubesse que não iria esquecer nenhum detalhe daquela noite, por mais que não passassem de beijos, ele também não podia se dar ao luxo de perder qualquer um.

Beijou-a até que o ar faltasse novamente, e então voltou a separar suas bocas, mas logo levou os lábios à pele fina do pescoço da Moon, beijando, mordiscando e inspirando o cheiro de sua pele, absorvendo qualquer resquício de perfume que restasse em seu corpo. Queria que ficasse gravado em sua memória, ainda que não entendesse o motivo de querer aquilo tanto assim.

E não passaria do ponto. Não sabia qual era o limite de Ji Sook, e só bastava que ela lhe pedisse para parar e ele pararia.